O icônico Monte Fuji, com seus 3.776 metros de altura, permanece sem neve, estabelecendo um novo recorde de data sem cobertura de neve desde o início dos registros, há 130 anos. Até 29 de outubro, suas encostas estavam desprovidas do manto branco, superando a marca anterior de 26 de outubro, registrada em 1955 e 2016.
Geralmente, o Monte Fuji começa a acumular neve em torno do dia 2 de outubro. No entanto, neste ano, as altas temperaturas impediram que a formação da camada de neve ocorresse, segundo Yutaka Katsuta, meteorologista do Escritório Meteorológico Local de Kofu, em entrevista à agência de notícias AFP. O ano passado viu a primeira neve aparecer em 5 de outubro.
De acordo com a previsão, as primeiras chuvas que podem resultar em neve para o Monte Fuji estão previstas para chegar apenas em 6 de novembro.
A ausência prolongada de neve pode ser atribuída às temperaturas anormalmente altas durante o verão japonês, que este ano foi o mais quente já registrado, igualando o recorde de 2020. A estação de junho a agosto teve uma média de 1,76°C acima do normal, afetando diretamente o clima do outono e dificultando a chegada de ar frio necessário para a formação de neve. Em setembro, as temperaturas continuaram elevadas devido ao deslocamento do jato subtropical para o norte, que permitiu a permanência de correntes de ar quente sobre o Japão.
Além disso, quase 1.500 regiões do país experimentaram dias de “calor extremo”, com temperaturas superiores a 35°C, em um cenário de eventos climáticos extremos que, segundo especialistas, devem se intensificar com as mudanças climáticas globais.
Apesar de um leve arrefecimento em outubro, o mês ainda foi mais quente que a média, contribuindo para a inusitada ausência de neve no Monte Fuji à medida que novembro se aproxima. Katsuta observa que, embora não se possa vincular um único evento ao aquecimento global, a falta de neve na montanha é coerente com previsões de um clima cada vez mais quente.
O Monte Fuji, localizado a sudoeste de Tóquio, é um símbolo nacional e atrai anualmente milhares de visitantes. No último verão, mais de 220.000 pessoas escalaram suas encostas, mesmo com a introdução de uma taxa de entrada e um limite diário de visitantes para combater o turismo excessivo.
Com uma última erupção há cerca de 300 anos, a montanha é frequentemente retratada em obras de arte japonesas clássicas, como a famosa “Grande Onda” de Hokusai.