De acordo com fontes do setor, Honda Motor e Nissan Motor estão em fase avançada de negociações para firmar um acordo básico de fusão. Caso o acordo seja concretizado, as duas gigantes automotivas do Japão, atualmente a segunda e a terceira maiores montadoras do país, poderão formar uma holding conjunta. O objetivo principal dessa fusão seria fortalecer a competitividade global de ambas as empresas, promovendo sinergias por meio do compartilhamento de tecnologias, redução de custos e otimização de recursos.
Em agosto deste ano, ambas as companhias já haviam dado um passo significativo nessa direção ao concordarem em desenvolver plataformas de software comuns. O acordo previa, ainda, a padronização de peças para veículos elétricos, abrangendo o compartilhamento de especificações técnicas e o fornecimento integrado de componentes. Esse movimento busca aumentar a eficiência e reduzir os custos de desenvolvimento e produção em um setor que passa por uma rápida transformação tecnológica.
As conversas sobre uma parceria estratégica mais ampla, especialmente em áreas como eletrificação, não são novidade. Em março, as duas montadoras já haviam anunciado planos de cooperação nessa área, considerando o avanço das tecnologias de mobilidade elétrica como essencial para garantir a sustentabilidade de seus negócios no longo prazo.
A fusão, no entanto, ganha um tom de urgência devido ao aumento da competição global. Empresas estrangeiras como a Tesla, dos Estados Unidos, e a BYD, da China, estão dominando o mercado de veículos elétricos, tecnologias de direção autônoma e desenvolvimento de software automotivo. Ambas as montadoras japonesas, que tradicionalmente ocupavam posições de destaque no setor, enfrentam dificuldades para acompanhar o ritmo dessas concorrentes.
A situação da Nissan é particularmente desafiadora. No período de seis meses encerrado em setembro, a montadora registrou uma queda de quase 94% em seu lucro líquido em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho fraco é atribuído, em parte, à lenta recuperação das vendas no mercado norte-americano, um dos principais para a empresa.
Em resposta à crise, a Nissan anunciou uma série de medidas drásticas para reorganizar suas operações. Em outubro, a companhia divulgou um plano para reduzir sua capacidade de produção global em 20% até março de 2027, o que implicará o corte de cerca de 9 mil postos de trabalho. Na semana passada, a empresa também comunicou mudanças em sua gestão, incluindo a nomeação de um novo diretor financeiro, como parte de seus esforços para recuperar a lucratividade.
Outro ponto que pode influenciar as negociações de fusão é a relação da Nissan com a Mitsubishi Motors, da qual é a principal acionista. Caso a fusão com a Honda avance, é possível que surjam discussões sobre a inclusão da Mitsubishi na estrutura da nova holding, criando um conglomerado automotivo ainda maior.
Embora os detalhes ainda estejam sendo definidos, a possível aliança entre Honda e Nissan representa um marco importante para a indústria automotiva japonesa. Enfrentando pressões internas e externas, as montadoras buscam estratégias ousadas para se manterem competitivas em um mercado global cada vez mais voltado para a sustentabilidade, tecnologia e inovação. A concretização dessa fusão poderá redefinir o equilíbrio de forças no setor, com implicações significativas para o futuro da mobilidade global.