Um grupo japonês de sobreviventes das bombas atômicas recebeu uma das mais altas honrarias do mundo. A organização Nihon Hidankyo foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz deste ano, em uma cerimônia realizada na Noruega. A premiação ocorre em um momento de crescentes tensões globais, que alimentam temores sobre o possível uso de armas nucleares.
A Nihon Hidankyo enviou 30 representantes à cerimônia realizada na última terça-feira, em Oslo. Desde sua fundação, em 1956, o grupo tem se dedicado a lutar por maior apoio às vítimas das bombas atômicas, conhecidas como "hibakusha".
Além disso, seus integrantes têm liderado uma campanha global pela proibição total de armas nucleares. Para isso, eles têm viajado pelo mundo, compartilhando suas dolorosas experiências com o objetivo de conscientizar a humanidade sobre os horrores das armas de destruição em massa.
Durante a cerimônia, Tanaka Terumi, copresidente da Nihon Hidankyo, fez um discurso poderoso. Ele declarou: "Exigimos a abolição imediata das armas nucleares, que são armas extremamente desumanas de destruição em massa, incompatíveis com a coexistência da humanidade."
Joergen Watne Frydnes, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, explicou os motivos da escolha. Ele destacou que, nos últimos anos, as potências nucleares têm modernizado seus arsenais, trazendo consigo uma nova e preocupante era nuclear que ele classificou como "instável". Frydnes afirmou: "A Nihon Hidankyo e os Hibakusha, os sobreviventes dos ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki, nunca recuaram em seus esforços para construir uma barreira moral e legal em todo o mundo contra o uso de armas nucleares."
Três copresidentes da Nihon Hidankyo compareceram para receber o diploma e o prêmio. Entre eles estava Tanaka Terumi, que tinha apenas 13 anos quando a bomba atômica explodiu em Nagasaki, sua cidade natal. Embora não tenha sofrido ferimentos graves, ele perdeu cinco parentes na tragédia.
Tanaka relembrou as cenas aterrorizantes que presenciou na época, afirmando: "As mortes que testemunhei naquela ocasião mal poderiam ser descritas como mortes humanas. Centenas de pessoas agonizavam, incapazes de receber qualquer tipo de atendimento médico. Senti profundamente que, mesmo em tempos de guerra, tamanha matança e mutilação nunca deveriam ser permitidas."
Ele expressou preocupação com o que poderia acontecer caso armas nucleares fossem usadas novamente. Tanaka enfatizou que as ogivas disponíveis hoje poderiam ser empregadas a qualquer momento, com consequências devastadoras para a humanidade.
Em seu apelo final, ele rejeitou a ideia de dissuasão mútua como justificativa para manter arsenais nucleares e clamou pela abolição completa dessas armas. Ele encerrou seu discurso com uma mensagem contundente: "Que a humanidade não se autodestrua com armas nucleares! Vamos trabalhar juntos por uma sociedade humana, em um mundo livre de armas nucleares e de guerras!"