Em um julgamento amplamente acompanhado no Japão, uma empresária de 28 anos foi absolvida da acusação de assassinar o empresário Kosuke Nozaki, conhecido como o "Dom Juan de Kishu". Nozaki, de 77 anos à época, morreu em maio de 2018 devido a uma overdose aguda de estimulantes. A promotoria alegava que a ré teria administrado as substâncias, mas a Justiça de Wakayama concluiu que havia dúvidas razoáveis sobre a acusação.
Pontos centrais da decisão judicialA juíza Keiko Fukushima destacou que a acusação não conseguiu comprovar de maneira definitiva que a ré foi a responsável pela morte de Nozaki. Abaixo, os principais argumentos do julgamento:
1. Horário e acesso à vítima
A promotoria argumentou que a ré estava sozinha com Nozaki no momento da suposta administração da droga. Contudo, o tribunal destacou que o horário exato do consumo não pôde ser determinado com clareza, e o acesso da ré ao quarto não é suficiente para vinculá-la ao crime.
2. Motivação
Embora a promotoria tenha apontado um possível interesse na herança como motivo, a defesa argumentou que a ré recebia um alto valor mensal de Nozaki, não necessitando de sua morte. O tribunal considerou que a herança poderia ser um motivo, mas insuficiente como prova de crime.
3. Pesquisas na internet
A ré pesquisou termos como "estimulantes" e "crime perfeito", o que a acusação interpretou como premeditação. O tribunal, no entanto, considerou que tais buscas, isoladamente, não provam intenção criminosa.
4. Possibilidade de acidente
A decisão do tribunal enfatizou que não se pode descartar a hipótese de que Nozaki tenha consumido acidentalmente uma dose fatal de estimulantes. Também não foi comprovado que a ré adquiriu as substâncias, sendo possível que tenha recebido açúcar, como relatado nos depoimentos.
Reações no tribunalA ré, Sudo Saki, demonstrou alívio ao ouvir o veredicto de absolvição. Vestida com terno preto, enxugou lágrimas com um lenço após a decisão.
Comentários e repercussãoA Promotoria de Wakayama expressou decepção com o veredicto e anunciou que avaliará um possível recurso. Especialistas elogiaram a cautela do tribunal em basear sua decisão apenas nas evidências disponíveis, dada a falta de provas diretas.
O caso atraiu grande interesse público, com 301 pessoas disputando 48 assentos na audiência, resultando em uma taxa de concorrência de 6,3 vezes.